Debate: “Será que a Educação a Distância ajuda o setor de produtivo?’
33° Seminário Brasileiro de Tecnologia Educacional – ABT
Painel para comentários sobre a apresentação de Cláudio Moura Castro
Um dos painéis do Seminário da ABT, foi a discussão sobre a apresentação “EAD ajuda o setor produtivo?” do prof. Claudio Moira Castro. Cabia a cada um dos palestrantes apresentar sua análise desses aspectos. Um resumo das afirmações do Prof. Moura Castro foi que:
- A web é um meio de transmissão, não uma forma de ensinar.
- Tecnologia altera a pedagogia, mas não contêm pedagogia.
Abaixo meus comentários:
Nenhum meio tecnológico contém pedagogia, mas existem meios mais propícios para o uso da pedagogia, ou seja, a web é um desses meios apropriados por sua característica hipermídia. O hipertexto, por seu sistema de relações, se assemelha mais ou pensamento humano, que faz uso constante da associação de idéias.
Antes de analisar o uso da pedagogia via web, devemos entender como processamos as informações.
Segundo pesquisa¹ de Maria Luiza Herraiz: “recebemos as informações por meio de nossos sentidos nas seguintes proporções:
- 83% pela visão,
- 11% pela audição,
- 3,5% pelo olfato,
- 1,5% pelo tato e,
- 1% pelo gosto.
E retemos as informações percentualmente nos seguinte meios:
- 10% pela leitura,
- 50% do que vemos e ouvimos e,
- 90% do que agimos e fazemos.
Conclui-se então que nosso órgão de recepção da informação é a visão, contudo nosso aprendizado se dá pela ação. Diante desses números é importante propiciar que a postura do usuário/aprendiz seja ativa, para que ele não
permaneça como um espectador receptivo, um leitor passivo. É preciso levá-lo à ação. “Só assim a educação pode ser otimizada pela tecnologia”²
Contudo para que cada aspecto seja bem avaliado é necessário considerar as vantagens bem como as desvantagens ou riscos envolvidos.
Conclui-se então que nosso órgão de recepção da informação é a visão, contudo nosso aprendizado se dá pela ação. Diante desses números é importante propiciar que a postura do usuário/aprendiz seja ativa, para que ele não permaneça como um espectador receptivo, um leitor passivo. É preciso levá-lo à ação. “Só assim educação pode ser otimizada pela tecnologia”²
Vantagens:
As vantagens pedagógicas da educação via web estão exatamente no leque de possibilidades que esta oferece:
a) Fator tempo
- Propicia a ação: reflexão e análise do conteúdo, escolha de um caminho a percorrer, tomada de decisão e formulação de uma resposta.
- Permite a interação (tanto com o sistema/curso, quanto em colaboração com outros usuários). A interação via sistema pode ser em até 3o. níveis.
1o. nível: uma ação do usuário provoca uma reação do sistema;
2o. nível: tentativa e erro;
3o. nível: simulação de um programa, ou de procedimento a ser internalizado;
4o. nível: inteligência artificial, o computador com reações humanas (uso do “computador quântico”). - Favorece a liberdade para errar e as inúmeras possibilidades de correção. Para acertar é necessário ter tempo de errar.
O erro age como sensor de problemas, na medida que sejam fornecidas sínteses esclarecedoras. A correção não deve se converter num instrumento de poder, mas deve estar a serviço do aluno.
Citando Piaget: “Um erro corrigido pelo sujeito, pode ser mais fecundo que um êxito imediato, porque a ompreensão de uma hipótese falsa e suas conseqüências pressupõe novos conhecimentos…” - Possibilita a auto-avaliação e o acompanhamento do próprio desempenho. Não só de si mesmo, mas de outros participantes.
- Permite um estudo em ritmo personalizado, no tempo de cada um. Lembrando que o conhecimento não se dá de uma vez, há assimilações “incompletas”. Além do que as pessoas executam tarefas em tempos diferentes. Apressar as mais lentas não significa, em absoluto, aumentar-lhes o rendimento, torná-las mais produtivas.
- Possibilita o estudo por diferentes caminhos, via hiperlink, com seus múltiplos-roteiros, o que o livro tradicional e o filme não possibilitam por terem um único roteiro pré-estabelecido.
b) Fator tempo-espaço
Elimina fronteiras espaço-temporal, possibilitando:
- comunicação massiva,
- criação de comunidades de aprendizagem,
- contato com especialistas a nível mundial,
- troca de experiências sobre o processo.
Riscos:
Mesmo sendo uma tecnologia envolvente, e estar em pleno uso, não podemos ignorar os riscos do uso da educação pela web. Estes podem ser:
Replicar modelos ditos “tradicionais”: turmas, horários, provas com apenas uma tentativa. Pode-se inibir a troca de experiências no processo, tanto positivas, quanto negativas. O exemplo de uma experiência tipo “negativa” ocorre quando nas aulas presenciais usufruímos a experiência de erro do outro. Em geral isso acontece apenas quando o aluno se manifesta e é corrigido pelo professor, o que nos permite ouvir uma questão que gostaríamos de formular e nos falta coragem de fazê-la. Os Fóruns de discussão são abertos às mais diferentes opiniões e pareceres. Um bom monitoramento poderá nortear seu uso, para que não fiquem registradas impropriedades.
Gerar situações de ilestrismo (3) – pela leitura de má qualidade que se dá sobre textos muitas vezes mal redigidos em circunstâncias inadequadas (distrações ocorridas em um ambiente estressante).
Evitar as tecnologias com receio do desconhecido. As tecnologias não podem poder ser ignoradas na formação dos professores. Um bom maestro não precisa saber tocar todos os instrumentos, mas deve conhecê-los para poder reger sua orquestra.
Em resumo, o uso correto das tecnologias(4) apoia e propicia o uso da pedagogia. O que causa impacto direto na performance das pessoas e das entidades, podendo contribuir com o setor produtivo.
Martha Sutter
Notas ——————————————————————————–
[1]
Herraiz, Maria Luiza. Formação de formadores: manual didático. Montevidéo:
Cinterfor, 1994.
[2]
Uma Introdução à Educação à Distância, SENAI, Rio de Janeiro, 1997 (pág. 92)
[3]
Ilestrismo, processo de leitura sem a devida compreensão do texto.
[4]
Tecnologia = técnica ou conjunto de técnicas de um domínio particular.
Links ——————————————————————————–
http://www.claudiomouracastro.com.br
Rio de Janeiro, 16 de junho de 2005.